sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Maus hábitos, vida mais curta

Estudo na União Europeia mostra que as más práticas entre a população masculina não são só escolhas individuais, mas fenômenos sociais que dobram os riscos de morte prematura.



Os  maus hábitos dos homens entre 16 e 64 anos os expõem ao dobro de chances de morte prematura se comparados às mulheres da mesma faixa etária, segundo um amplo estudo apresentado no Parlamento Europeu este ano, realizado pelo Fórum Europeu de Saúde Masculina.
A pesquisa, intitulada “O Quadro da Saúde Masculina na Europa”, mostrou índices preocupantes. Todo ano, 630 mil homens em idade produtiva morrem na União Europeia (UE), contra 300 mil mulheres na mesma fase da vida.
Richard de Visser, psicólogo da Universidade de Sussex (Inglaterra) e um dos principais autores do estudo, declarou que  o fumo, o abuso de álcool e um comportamento sexual inconsequente são três dos maiores motivos pelos quais a expectativa de vida masculina pode ser reduzida à metade. Ele considera isso um fenômeno social: “Estilos de vida não são simplesmente fruto de uma escolha pessoal. Aqueles que vivem material e socialmente em condições precárias comem de forma muito pouco saudável, exercitam-se menos e tendem a fumar ou consumir outras drogas, por exemplo.” O especialista defende que os riscos de morte prematura só diminuem se os hábitos forem modificados logo na juventude.
Em outras palavras, muitas vezes, para  corresponderem a uma imagem que as outras pessoas esperam de  um homem, os jovens aderem aos maus hábitos, como tabagismo, alcoolismo e outros vícios, diz de Visser, que também mostra a alta incidência de sobrepeso e até obesidade causados pela alimentação desregrada em todos os países-membros da UE.

Menos produtividade

Segundo o relatório apresentado no Parlamento, enquanto há uma considerável baixa no número de adeptos do fumo pelo continente em geral, ele ainda é bem alto entre as camadas mais pobres nos países do Leste Europeu.
Embora haja um índice maior de atividade física entre a população masculina, a maioria não se alimenta conforme os níveis recomendados pelos órgãos de saúde pública ou mesmo por especialistas particulares. Suas dietas são muito pouco nutritivas e equilibradas, com altos níveis de colesterol e ácidos graxos, e baixo consumo de gorduras saudáveis (poli-insaturadas), carboidratos saudáveis e fibras.. Outro item preocupante é o altíssimo consumo de sal detectado, que ocasiona sérios danos cardiovasculares – entre eles, a hipertensão.
O levantamento europeu levou em consideração tanto os dados sobre a incidência de doenças físicas que são problemas de saúde pública em algumas regiões, como o câncer emales cardíacos , quanto o estado da saúde mental. Segundo Alan White, professor da Universidade Metropolitana de Leeds, também da Inglaterra, um dos titulares da pesquisa, “pela primeira vez, temos um quadro bem claro da saúde masculina por toda a Europa, enquanto antes tínhamos dados isolados, parciais, de acordo com determinado país ou por área atingida por alguma epidemia”. White considera que, de posse dos dados atuais, podem ser feitas políticas de saúde pública e particular mais efetivas, já que agora todos sabem mais quais são seus problemas e como eles afetam as regiões vizinhas. A migração e a mobilidade na UE sempre foram altas, devido às facilidades de transporte e distâncias relativamente pequenas, o que é bom por um lado, mas favorece a proliferação de doenças e hábitos prejudiciais.
Presidente do Fórum Europeu de Saúde Masculina, o professor Ian Banks, vai além: “Isso (o estudo) não é somente sobre saúde. A morte prematura de homens mina a economia, a família, a Previdência Social e a assistência médica em geral. A Europa terá bem menos homens em idade produtiva trabalhando nos próximos anos. Se quisermos ter o sucesso econômico de que necessitamos, eles precisam estar com a saúde em dia.”
Embora a análise tenha sido feita no continente europeu, seus dados podem ser aplicados num contexto planetário, segundo os cientistas que a realizaram.


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